Número 324 - Ano 12

São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

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«De tudo o que fica ou passa / subsiste um murmúrio, apenas.» (Hélio Pellegrino) *

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Sete poetas brasileiros
Jorge de Lima, Cassiano Ricardo e Carlos Drummond (no alto); Mario Quintana (centro); Myriam Fraga, Francisco Carvalho e Roberval Pereyr (embaixo)



Amigas, amigos,

Neste 12 de dezembro, o boletim poesia.net completa 12 anos. É uma alegria constatar que este despretensioso empreendimento pessoal atingiu tal longevidade. Comemoremos: doze vivas à poesia!

Para marcar a data, aqui vai um boletim com sete poetas brasileiros e uma polonesa, centrado num tema sempre atual: o que é a poesia?

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Já faz algum tempo, eu pensava em fazer um boletim que procurasse responder, pela voz dos poetas, a esta pergunta fundamental: o que é a poesia? Embora saibamos de antemão que se trata de uma interrogação sem resposta — ou, pelo menos, sem resposta clara e convencional —, é sempre um exercício que suscita boas discussões e até novas criações poéticas.

Com essa ideia em mente, lembrei alguns textos de imediato e comecei a anotar outros que foram surgindo. Desse modo, reuni um punhado de poemas que tentam de alguma forma indicar a origem, o sentido ou alguma característica definidora do poema, do poeta ou do próprio ato criativo.

Numa conferência proferida na Universidade Harvard em 1967, o poeta argentino Jorge Luis Borges cita Santo Agostinho (354-430): “O que é o tempo? Se não me perguntam o que é o tempo, eu sei. Se me perguntam o que é, então não sei”. Borges conclui: “Sinto o mesmo em relação à poesia”. Por aí dá para perceber que estamos lidando com uma pergunta que admite muitas respostas ― ou nenhuma.

Mas, obviamente, não faltam definições, ou tentativas. Para o romântico alemão Novalis (Friedrich von Hardenberg, 1772-1801), "poesia é a arte de excitar a alma". Na visão de nosso contemporâneo americano-britânico Thomas Stearns Eliot, o T.S. Eliot (1888-1948), "toda verdadeira poesia é uma visão de mundo". Para o romântico inglês Samuel Taylor Coleridge (1772-1834), "poesia são as melhores palavras em sua melhor ordem".

E podemos prosseguir com mais poetas. Para Murilo Mendes, “a poesia sopra onde quer”, sugerindo que o poeta não tem controle absoluto sobre ela. Jorge de Lima, épico e católico extremado, afirma que a voz do poeta é a própria fala de Deus. Fernando Pessoa, via Ricardo Reis, assevera: “poesia é uma música que se faz com ideias”.

Na opinião do arrebatado Maiakóvski, ela é “uma viagem ao desconhecido” — consideração que, na essência, é a mesma de Oswald de Andrade. Para o poeta paulistano, ela representa “a descoberta do que nunca vi”. Por fim, o poeta concreto Augusto de Campos diz que a poesia representa uma "resposta sensível ao enigma do universo".

A lista poderia continuar indefinidamente. Mas vamos ver como outros sete de nossos mais destacados poetas contemporâneos enxergam o fenômeno que envolve a poesia e o poeta. Com a palavra, Jorge de Lima (1893-1953), Cassiano Ricardo (1895-1974), Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), Mario Quintana (1906-1994), Francisco Carvalho (1927-2013), Myriam Fraga (1937-) e Roberval Pereyr (1953-). Por último, mas não menos importante, depois de fechado o boletim, entrou na lista a polonesa Wislawa Szymborska.

 


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JORGE DE LIMA

O alagoano Jorge de Lima escreveu pelo menos dois sonetos nos quais reflete sobre a poesia e o ofício do poeta. Um deles está em Invenção de Orfeu (1952), obra de fôlego camoniano, que é um poema recheado de poemas. Ali Jorge de Lima sugere: “Não procureis qualquer nexo naquilo / que os poetas pronunciam acordados”.

O outro texto encontra-se em seu Livro de Sonetos (1949) e abre a miniantologia ao lado. Nele, o autor aconselha: “Qualquer poema é talvez essas metades / essas indecisões das coisas vagas”. Firma-se aí a ideia da poesia como algo impreciso, que exige a intervenção do leitor como concriador, agregando sua experiência e suas emoções para dar ao texto algum sentido.

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CASSIANO RICARDO

Em “Poética”, texto transcrito ao lado, o paulista Cassiano Ricardo apresenta outra forma de ver o fenômeno poético, enfatizando seu lado terra a terra e livrando o poeta de qualquer visão mítica ou mística. Cassiano e Jorge de Lima são poetas da mesma geração. No entanto, os poemas dos dois mostrados aqui obedecem a concepções bastante diferentes. Jorge de Lima escreveu aquele soneto num período de profunda religiosidade.

Cassiano, ao contrário, produziu seu poema num momento em que se encontrava envolvido com as vanguardas (concretistas e afins). Pessoalmente, também, o autor de Vamos Caçar Papagaios era muito mais inclinado para o mundo real, e os acontecimentos políticos e sociais de sua época. O contraste entre as “respostas” desses dois poetas confirma a tese de que toda boa definição é possível.

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CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Carlos Drummond de Andrade não poderia ficar fora desta antologia. O mestre itabirano também escreveu diversos poemas que discutem a condição do poeta, da poesia e do ato da criação poética. No poema “Procura da Poesia” (de A Rosa do Povo, 1945), ele opera em modo negativo: ocupa-se principalmente em distinguir o que não é poesia. "O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia", diz ele. Da mesma forma, ao recomendar "Não dramatizes, não invoques / não indagues", propõe que a poesia também não reside nos procedimentos exagerados e lamuriosos.

No soneto “Conclusão” (ao lado), o poeta persevera na lógica do não. “Os impactos de amor não são poesia”. O belo? Também não. Para ele, nem o mistério nem termos antigos (tais como “coxa, fúria, cabala”) correspondem a poesia. Entende, portanto, que a poesia pode estar em qualquer outra coisa, lugar ou situação. Por isso mesmo, a poesia não tem conexão obrigatória com aquilo que vulgarmente se considera “poético”, como os derramamentos sentimentais.

Nesse aspecto, como em muitos outros, Drummond concorda plenamente com seu amigo e mestre, 16 anos mais velho, o pernambucano Manuel Bandeira. No livro Itinerário de Pasárgada, Bandeira diz que “a poesia está em tudo — tanto nos amores como nos chinelos, tanto nas coisas lógicas como nas disparatadas”.


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MARIO QUINTANA

O gaúcho Mario Quintana também escreveu muito sobre o tema, em prosa e verso. No poema “Projeto de Prefácio”, do livro Baú de Espantos (1986), ele faz pelo menos duas afirmações que dão o que pensar. Uma: “Sábias agudezas... refinamentos... / — não!” Ou seja, a boa poesia não precisa ser profunda, filosófica ou coisa do gênero.

Outra: ele considera a poesia tão fundamental para a vida que relega à condição de “pobre chocalho de palavras” o poema que não ajude a pessoa (leitor? poeta?) a preparar-se para a morte. O mesmo Quintana, em seu livro Caderno H, oferece esta brevíssima definição:

O poema
essa estranha máscara
mais verdadeira do que a própria face...


Mais Quintana. Em “Os Poemas”, de Os Esconderijos do Tempo (1980), ao lado, ele defende a ideia de que o “alimento” do poema está no leitor. Afina-se, portanto, com uma conhecida frase do poeta e ensaísta mexicano Octavio Paz: “Não há poema em si, mas em mim ou em ti”.


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FRANCISCO CARVALHO

Inquietado pelas indagações sobre a natureza da poesia, o poeta cearense Francisco Carvalho escreveu reiteradas tentativas de resposta. Algumas delas estão aqui. “Fazer o poema / é agarrar o agora / para pô-lo inteiro / dentro da metáfora” (“Engenharia do Poema”, de As Verdes Léguas, 1979). Outra: “Fazer um poema / (...) / É ver as coisas como as coisas não são” (“Dialética do Poema”, de O Silêncio é uma Figura Geométrica, 2002).

Em “Poder da Palavra”, texto transcrito ao lado, ele trata da necessidade da “palavra exata”. Basta uma, para fazer a glória do poema, ou — caso falhe — destruí-lo inapelavelmente. Em todos os casos citados, o poeta preocupa-se em especial com o ato da criação.

Isso lembra o que diz o poeta baiano Affonso Manta: "O poema há de ser perfeito. / Ou ele come o poeta".


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MYRIAM FRAGA

O ato da criação — a gênese do poema — é igualmente o foco de algumas páginas da poeta baiana Myriam Fraga. Num texto de sua excelente coletânea Femina (1996), ela sustenta que “poesia é coisa de mulheres”. Perfeito. Criar um poema tem certamente algum parentesco com o ato feminino de gestar e dar à luz, trazer à vida esse ente de palavras, único e emocionado. “Poesia é sempre assim: / Uma alquimia de fetos, / Um lento porejar / De venenos sob a pele”.

Em “Possessão”, outro poema do mesmo livro (leia-o à direita), Myriam apresenta mais uma intrigante metáfora para a origem do poema. Agora é o mistério equestre mediante o qual um orixá toma posse do corpo do poeta, seu cavalo. Momento mágico de epifania, deslumbramento e criação.


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ROBERVAL PEREYR

Poeta associado à geração da revista Hera, de Feira de Santana-BA, Roberval Pereyr também reflete sobre o fenômeno poético. No poema “A Poesia”, ele trabalha com uma feliz sucessão de metáforas para tentar caracterizar sua arte. Para ele, a poesia é “um destino acima do homem”.

De olho nas ruas, ele acredita que a mesma poesia “cresce / nos braços nus do mendigo, / na voz de Joan Baez, no silêncio das janelas / abertas”. E mais: “a poesia é o elo mais definitivo / entre o que é vivo — e o que dorme...”


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WISLAWA SZYMBORSKA

wislawa szymborska

Eu já havia concluído este boletim quando me lembrei de um texto da poeta polonesa Wislawa Szymborska (1923-2012). Trata-se do poema "Alguns Gostam de Poesia", que resolvi incorporar à seleção como um apêndice. Portanto, são agora sete poetas brasileiros mais uma polonesa.

O que se destaca no poema da vencedora do Nobel de 1996 é o fato de ela percorrer o caminho inverso de todos os poetas citados antes neste boletim. Enquanto os outros, de alguma forma, tentam definir a poesia ou procuram sugerir algo que leve o leitor a criar essa definição, Wislawa repete a pergunta: "mas o que é isso, poesia"? E responde candidamente: não sei. Desse modo, ela nos permite fechar este boletim de maneira circular: voltando ao ponto de partida. Retornamos a Jorge Luis Borges e sua citação de Santo Agostinho.


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Se você, leitor, prestar atenção, vai encontrar uma miríade de outras definições do que sejam poeta, poema, poesia. Afinal, todo poeta que se preza sente-se tentado, pelo menos uma vez, a tomar como tema seu intrigante ofício.

Um abraço, e até a próxima,

Carlos Machado



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P.S.: Agradeço ao leitor Wanderley dos Reis por ter me alertado para uma imprecisão, já corrigida acima, nos comentários sobre o poema “Conclusão”, de Carlos Drummond de Andrade. [Nota e correção adicionadas em 11/04/2021]

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poesia.net entra 
em recesso

A todos os leitores do poesia.net desejo um ano novo com muita saúde, paz e poesia.

O boletim não circulará no fim do ano e também no mês de janeiro.  


FELIZ 2015! 
 

Afinal, o que é poesia?

Sete poetas brasileiros e uma polonesa

 

 


Di Cavalcanti - Mulher em Vermelho (1945)
Di Cavalcanti, Mulher em Vermelho (1945)

 

  Jorge de Lima


[VEREIS QUE O POEMA CRESCE INDEPENDENTE]

Vereis que o poema cresce independente
e tirânico. Ó irmãos, banhistas, brisas,
algas e peixes lívidos sem dentes,
veleiros mortos, coisas imprecisas,

coisas neutras de aspecto suficiente
a evocar afogados, Lúcias, Isas,
Celidônias... Parai sombras e gentes!
Que este poema é poema sem balizas.

Mas que venham de vós perplexidades
entre as noites e os dias, entre as vagas
e as pedras, entre o sonho e a verdade, entre...

Qualquer poema é talvez essas metades:
essas indecisões das coisas vagas
que isso tudo lhe nutre sangue e ventre.

          De Livro de Sonetos (1949)

Di Cavalcanti - Cinco Moças de Guaratinguetá, 1930
Di Cavalcanti, Cinco Moças de Guaratinguetá (1930)



Cassiano Ricardo


POÉTICA

1
Que é a Poesia?

Uma ilha
Cercada
De palavras
Por todos
Os lados.

2
Que é o Poeta?

Um homem
Que trabalha o poema
Com o suor do seu rosto.
Um homem
Que tem fome
Como qualquer outro
Homem.

           De Jeremias Sem-Chorar (1964)

 

Di Cavalcanti - Menina com gato e piano (1967)
Di Cavalcanti, Menina com Gato e Piano (1967)



Carlos Drummond de Andrade


CONCLUSÃO

Os impactos de amor não são poesia
(tentaram ser: aspiração noturna).
A memória infantil e o outono pobre
vazam no verso de nossa urna diurna.

Que é poesia, o belo? Não é poesia,
e o que não é poesia não tem fala.
Nem mistério em si nem velhos nomes
poesia são: coxa, fúria, cabala.

Então desanimamos. Adeus, tudo!
A mala pronta, o corpo desprendido,
resta a alegria de estar só, e mudo.

De que se formam nossos poemas? Onde?
Que sonho envenenado lhes responde,
se o poeta é um ressentido, e o mais são nuvens?

          De Fazendeiro do Ar (1954)


Di Cavalcante - Mulheres e Frutas (1962)
Di Cavalcanti, Mulheres e Frutas (1962)



Mario Quintana


PROJETO DE PREFÁCIO

Sábias agudezas... refinamentos...
— não!
Nada disso encontrarás aqui.
Um poema não é para te distraíres
como com essas imagens mutantes dos caleidoscópios.
Um poema não é quando te deténs para apreciar um detalhe.
Um poema não é quando também paras no fim,
porque um verdadeiro poema continua sempre...
Um poema que não te ajude a viver e não saiba preparar-te para a morte
não tem sentido: é um pobre chocalho de palavras!

De Baú de Espantos (1986)



OS POEMAS

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

          De Esconderijos do Tempo (1980)


Di Cavalcanti, Samba (1925)
Di Cavalcanti, Samba (1925)



Francisco Carvalho


PODER DA PALAVRA

Uma palavra
basta
para acordar os
demônios
que se hospedam
no poema.
Uma palavra
basta
para estancar
as veias desatadas
do poema
Uma palavra
basta
para ferir de morte o poema.

          De O Silêncio é Uma Figura Geométrica (2002)


Di Cavalcanti, As Baianas (1961)
Di Cavalcanti, As Baianas (1961)



Myriam Fraga


POSSESSÃO

O poema me tocou
Com sua graça,
Com suas patas de pluma,
Com seu hálito
De brisa perfumada.

O poema fez de mim
O seu cavalo;
Um arrepio no dorso,
Um calafrio,
Uma dança de espelhos
E de espadas.

De repente, sem aviso,
O poema como um raio
— Elegbá, pombajira! —
Me tocou com sua graça,
Aceso como chicote,
Certeiro como pedrada.

Salvador, abril, 1995

          De Femina (1996)


Di Cavalcanti, Pescadores (1951)
Di Cavalcanti, Pescadores (1951)




Roberval Pereyr


A POESIA


É um corte de luz no olho
do cego, um destino acima
do homem.

Tece e desfia o eterno, veludo
na tez dos mortos — despertos.
Encontro de primaveras, a poesia,
enraizada nas lamas, cresce
— nos braços nus do mendigo, na voz
de Joan Baez, no silêncio das janelas
abertas.
E a fome que rompe as eras,
que despe os deuses, que se enovela
no ventre esconso da morte
— e gera:
antídoto nos venenos, revolta nas guerras,
gritos no silêncio; esperas, esperas...
A poesia: braço amorfo indomável
no cerne da terra, na mão que se ergue
desesperada:
espada e forças na mesma espada.

Nela tudo imerge; dela tudo explode:
a poesia é o elo mais definitivo
entre o que é vivo — e o que dorme...

          De As Roupas do Nu (1981)



Di Cavalcanti - Mulheres Protestando (1941)
Di Cavalcanti,
Mulheres Protestando (1941)

Wislawa Szymborska


ALGUNS GOSTAM DE POESIA

Alguns —
ou seja nem todos.
Nem mesmo a maioria de todos, mas a minoria.
Sem contar a escola onde é obrigatório
e os próprios poetas
seriam talvez uns dois em mil.

Gostam —
mas também se gosta de canja de galinha,
gosta-se de galanteios e da cor azul,
gosta-se de um xale velho,
gosta-se de fazer o que se tem vontade
gosta-se de afagar um cão.

De poesia —
mas o que é isso, poesia.
Muita resposta vaga
já foi dada a essa pergunta.
Pois eu não sei e não sei e me agarro a isso
como a uma tábua de salvação.

          De Poemas (2011)



poesia.net
www.algumapoesia.com.br
Carlos Machado, 2014





•  Jorge de Lima
    in Poesia Completa (volume único)
    Nova Aguilar, Rio de Janeiro, 1997
•  Cassiano Ricardo
    in Jeremias Sem-Chorar
    José Olympio, Rio de Janeiro, 1964
•  Carlos Drummond de Andrade
    in Poesia Completa
    Nova Aguilar, Rio de Janeiro, 2002

•  Mario Quintana
    Poesia Completa
    Nova Aguilar, 1a. ed., 1a. reimpr., Rio de Janeiro, 2006
•  Francisco Carvalho
    In Memórias do Espantalho — Poemas Escolhidos
   
Imprensa Universitária da UFC, Fortaleza, 20046
•  Myriam Fraga
    in Poesia Reunida
    Assembléia Leg. do Est. BA, Salvador, 2008
•  Roberval Pereyr
    in 110 Poemas
    Quarteto Editora, Salvador, 2013
•  Wislawa Szymborska
    in Poemas
    Tradução de Regina Przybycien
    Cia. das Letras, São Paulo, 2011

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* Hélio Pellegrino, "Boca da noite", in Minérios Domados (1997)

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Todas as imagens são pinturas do carioca Emiliano Augusto Cavalcanti
de Albuquerque Melo, o Di Cavalcanti (1897-1976)