Amigas e amigos,
Nesta edição, o poesia.net recebe pela segunda vez a poeta cearense-potiguar Marina Rabelo. Por ocasião de sua primeira visita a este jornal poético — na edição 374, de 2017 — Marina havia acabado de lançar o livro de poemas Das coisas que larguei na calçada (Caravela, 2016).
Agora, ela retorna, trazida por uma nova coletânea, Stela e outros poemas de amor (Offset, Natal-RN, 2021). O título oferece uma perfeita indicação do conteúdo desse livro. A primeira parte contém o longo poema “Stela”, homenagem da autora
à memória de sua avó materna, de Fortaleza-CE. Há ainda duas outras divisões no livro: “Cintilância Escuridão” e “Incendiário”, sempre em referência ao amor.
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Para este boletim, selecionei cinco textos de Stela e outros poemas de amor. O primeiro é o trecho final de “Stela”, a avó sobre
quem a poeta diz: “com seu silêncio / de nuvem doce / deu-me o olhar atento / para a vida”.
No texto seguinte, “[Levei meus olhos tristes]” — poema sem título, aqui referido pelo primeiro verso entre colchetes —, o sujeito lírico,
certamente magoado por espinhos de amor, conduz seus olhos “marejados para ver o mar”. Este poema integra o bloco “Cintilância Escuridão”.
O próximo poema, “Não limpe os pés antes de entrar”, afasta-se desse tom melancólico. Agora, cheio de esperanças, o indivíduo que fala
(não há um gênero explícito no texto) espera a pessoa amada de portas abertas. Que venha e “Entre com a lama, a grama, a poeira /
e a areia do mar”. E mais: como o título anuncia, não precisa nem mesmo limpar os pés. Este texto também pertence ao bloco “Cintilância Escuridão”.
Os dois últimos poemas ao lado provêm da divisão dedicada ao amor “Incendiário”. Em “[Na superfície]”, o tom é realmente de conflito e
desencontro entre amantes: “teus dedos covardes / apontando todas as armas”. Já em “[Cheguei à conclusão]”, a voz poética procura esquecer
o parceiro, mas acredita que isso seja impossível.
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Uma característica marcante na poesia de Marina Rabelo são os poemas curtos. É raro encontrar em seus livros algum texto
cuja extensão vá além de uma página. Em Stela e outros poemas de amor, como foi dito, “Stela” representa um poema
longo, que ocupa metade do livro. Mesmo assim, as partes que compõem essa memória afetiva são basicamente formadas por
trechos bem curtos.
Em linguagem ágil e tendente ao coloquial, a autora compõe seus poemas com as antenas ligadas para as coisas triviais, como
em “o cheiro do asfalto, do ônibus lotado / e do pastel de carne com suco de maracujá” (“Não limpe os pés ao entrar”) ou
“o arame farpado da desilusão” ([“Na superfície”]).
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Nascida em Fortaleza-CE (1981), mas criada em Natal-RN, a poeta Marina Rabelo considera-se uma potiguar. Formada em engenharia
química pela UFRN, já publicou quatro livros de poesia: Stela e outros poemas de amor (2021); Das coisas que larguei na
calçada (2016); Livro de sete cabeças (2016); e Por cada uma (2011).
Um abraço, e até a próxima,
Carlos Machado
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