Amigas e amigos,
Apesar de existir há mais de 22 anos, o poesia.net nunca trouxe a suas páginas um poeta de cordel. Chegou a hora: agora.
Recentemente, descobri na internet o poeta paraibano Chico Pedrosa, que mostra suas rimas nesta edição. Nascido em Garabira-PB,
em 1936, Pedrosa é poeta popular e declamador.
Filho do agricultor e cantador de coco Avelino Pedro Galvão, conhecido como Mestre Avelino, Pedrosa encontrou em casa, logo cedo, o
estímulo para a poesia. Também sua mãe, Ana Maria da Cruz, era prima do cantador Josué Alves da Cruz.
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Além da influência familiar e regional, costuma-se apontar uma coincidência como prova da inclinação de Chico Pedrosa para a poesia.
Ele nasceu em 14 de março, dia do nascimento do poeta baiano Castro Alves e celebrado como o Dia Nacional da Poesia. [Um detalhe: 14 de março
é o Dia da Poesia, por tradição, mas nunca o foi, oficialmente. Há outro, oficial, sancionado em 2015: 31 de outubro, dia do nascimento
de Carlos Drummond de Andrade. Para nós, valem o dois.]
Aos 18 anos, Pedrosa começou a escrever folhetos de cordel, que vendia nas feiras da região. Mas, como se sabe, poesia não dá sustento
para a família. Então, o poeta também trabalhou como representante de vendas.
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Chico Pedrosa já publicou três livros: Pilão de Pedra I; Pilão de Pedra II; e Raízes da Terra, Raízes do Chão
Caboclo, além de vários folhetos de cordel. O autor também gravou três CDs (“Sertão Caboclo”, “Paisagem Sertaneja”
e “No Meu Sertão é Assim”), registrando com a própria voz suas histórias de cordel.
Nome destacado da poesia popular, Pedrosa participa de encontros em várias cidades do país. Seu poema mais conhecido é “Briga na Procissão”,
um cordel hilariante que se passa numa Sexta-feira da Paixão. É justamente esse texto que aparece aqui nesta edição do poesia.net.
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Passemos à leitura de “Briga na Procissão”. Neste caso especial, praticamente não vou fazer comentários. Destaco apenas a riqueza dos personagens,
a começar pelo capitão Justino Bento da Cruz, que mandava na cidade ficcional de Palmeira das Antas. Outra figura de destaque era dona Maria das Dores,
que se encarregava de organizar a procissão com traços teatrais na Sexta-feira da Paixão.
E todo o enredo se desenvolve em torno do teatro processional. Todos os anos, figuras populares eram escolhidas por Dona Maria das Dores para interpretar
os personagens da história que termina com a crucificação de Jesus. Assim, há pessoas representando Cristo, Judas, Caifás (o sumo sacerdote
judaico que participou do julgamento de Cristo), São José, Maria, Madalena etc. Enfim, conforme a tradição, a Semana Santa movimentava a cidadezinha
do interior.
O resto está no texto singularíssimo de Chico Pedrosa. A briga, citada no título, refere-se a um desentendimento entre
atores durante a procissão. Mais não digo. Passem rápido à leitura. Confesso que, quando li este cordel pela primeira vez,
explodi em gargalhada sozinho. Entendo perfeitamente o sucesso desta deliciosa história de cordel.
Um abraço, e até a próxima,
Carlos Machado
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LANÇAMENTO
Cais da memória
• Carlos Machado
Amigas e amigos: em março, lançarei em São Paulo novo livro de poemas: Cais da memória, publicado
pela Editora Patuá. [Saiba mais sobre o livro neste endereço].
Quando:
Sábado, 22/03/2024,
das 17h às 22h
Onde:
Livraria Patuscada
Rua Luís Murat, 40 - 05436-050
Vila Madalena
São Paulo, SP
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