Carlos Drummond de Andrade
Caros,
Durante certo tempo, parte da crítica fixou-se na ideia de que Drummond deveria ter contribuído mais para pensar o fazer o poético. Ou seja,
exigia-se dele maior contribuição no papel de crítico literário.
É verdade que o mestre itabirano sempre se dedicou mais a escrever poesia do que a deitar regras sobre como fazer isso. Mesmo assim,
não é verdade que o autor de A Rosa do Povo tenha sido omisso nessa questão.
Muitos de seus poemas, como os famosos “Consideração do Poema” e “Procura da Poesia”, que abrem o livro A Rosa do Povo (1945), são reflexões
sobre a arte poética. Há também numerosas dicas e toques em crônicas e entrevistas.
O parágrafo ao lado, por exemplo, é parte de uma entrevista concedida por ele ao Jornal do Brasil
em 1987, seu último ano de vida. Nele, Drummond rebate a ideia de que ele seria o maior poeta do país.
Carlos Machado
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Quem é o maior
poeta do Brasil?
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Para Drummond, esse escritor
supremo simplesmente não existe
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Drummond:
“Não há maiores poetas. Há poetas”
A maioria das pessoas que me consideram o maior poeta brasileiro não leu o que eu escrevi. Ouviram falar.
Como acham que fulano de tal é o maior craque de futebol, o outro fulano é o maior compositor, o outro é o maior pintor, eu fiquei sendo o maior poeta por um
julgamento que não é um julgamento literário: é uma opinião transmitida socialmente, mas sem nenhuma ponderação crítica. Nunca me julguei nem julgo, e digo mais:
não sei qual é o maior poeta brasileiro de hoje nem de ontem. Para mim, não há maiores poetas. Há poetas. E cada poeta é diferente dos outros. Se não for diferente
e se não transmitir uma forma particular e uma maneira especial de sentir, ver e manifestar poesia, ele não é poeta.
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Outras Palavras
Carlos Machado,
2018
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• Carlos Drummond de
Andrade
Entrevista publicada no Jornal do Brasil
em 1987 _______________
* António Ramos Rosa in Círculo Aberto (1979)
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